2018, Alto da Rua XV

isa
2 min readJul 8, 2018

Incrível como em 2017 não rolou criatividade (ou paciência) pra preencher esse caderninho que eu tanto queria, né? Pensando melhor, não deixei de escrever em outros lugares, mas pra esse, exatamente esse, que eu queria tanto, nada surgiu.

O começo de 2018 também não tem sido tão diferente assim. Sabe aquela teoria do ex-namorado, sobre a música do Belchior: “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”? Não tem funcionado comigo não, cara.

Por que me renegastes tua teoria, Belchior? Por um acaso não sou digna de tua poesia?

“Não, minha querida. Não sabeis nem o básico da conjugação de vossos verbos”. Ó, meu caro Belchior — ou algum coitado que esteja a ler tais baboseiras — tens razão! Sou apenas mais uma jovem, latino-americana, que não tem coragem de viajar nem pelo próprio continente, que dirá pra outro que não seja meu. Uma sagitariana de meia-tigela, cheia de vontades e vazia de valentia. Uma jovem de uma geração denominada por uma letra qualquer da qual não consegue se recordar, porém preocupada em demasia com problemas da classe média, quando nem ao menos leu os poucos capítulos de “O Capital” que caíram no vestibular. Uma idiota pessimista, sem amor próprio, afirmando por aí, de maneira rasa, que gosta do Existencialismo, mesmo tendo folheado não mais do que dois ou três livros de Sartre e Camus.

Por que é tão complicado sair de uma crise? Por que é tão difícil aceitar que existe um problema ou simplesmente pensar que a vida é assim mesmo e continuar em frente?

Pra que tanto questionamento, tanta escrita gratuita, sem conclusão? Num dia acredito que consigo lidar com o meu humor aparentemente instável por natureza e no outro já me sinto prestes a cair da beira de um penhasco. É tão ruim. Tenho a impressão de que conversar ou escrever sobre isso ajuda a diminuir essa volatilidade, mas ultimamente a sensação que fica é de fracasso e desespero. Sei que preciso ir com calma — passos de formiga, diriam. Mas não tenho calma, não encontro a calma. Procuro bem fundo e só o que sobra é essa dupla infalível: Angústia & Desespero.

It’s fine. Vai passar.

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