Ano novo

isa
1 min readJan 4, 2022

Estava deitada no sofá, com a gata ao seu lado. Segurava a fita brilhante de algum presente de Natal enquanto a chacoalhava e a gata pulava, mordia, agarrava entre as patas. Ele devia estar no escritório, trabalhando, checando e-mails, ou qualquer coisa que o valha.

Ela pensava no ano que estava por vir e todas as novas possibilidades que desconhecia e parecia nunca conseguir aproveitar. A fita ia de um lado para o outro, conforme as leis da Física, e seus olhos a acompanhavam tão atentos quanto os da gata.

Direita, esse ano seria melhor. Esquerda, iria escrever mais. Direita, precisava ligar para a avó. De repente, a gata se acomodou e fechou os olhos. A fita foi parando. A quem ela queria enganar? Não importava se o ano era outro, ela, deitada no sofá, era a mesma e não tinha certeza se havia algo errado com isso.

Olhou para a fita imóvel, a gata dormindo. Ele veio do escritório e disse que passaria mais café. Levantou-se. O ano seria novo, mas ela permaneceria tão imóvel quanto a fita estava agora, deixada no sofá.

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