Tomorrow has to wait

I don’t think that you’re sorry for what you did.

Assim começa Tomorrow has to wait, do Peter Bjorn and John. Assim é a premissa do protagonista de Druk, de Thomas Vinterberg. A primeira é uma música de 2011. O segundo, um filme de 2020.

I know you need it and you just don’t know how to quit

O álcool. Meu deus como a gente precisa. E como não sabemos quando largar. Na verdade, serve pra todo tipo de vício. Já li uma matéria sobre um cara que estudou o vício usando ratinhos e criando um Rat Park. Bruce K. Alexander criou uma verdadeira cidade para os ratos do seu laboratório. E ele descobriu que os bichinhos que tinham outro tipo de entretenimento acabavam consumindo menos água com heroína do que os que simplesmente ficavam enjaulados. Não, eu não acredito que Martin ou a gente estejamos simplesmente enjaulados. Mas qual o nível de entretenimento ao qual estamos expostos atualmente? Não vou entrar em discussões sobre esse assunto durante a pandemia, pois é um momento excepcional. Mas em nossa vida? Será que você tem acesso ao entretenimento numa quantidade que torne sua vida um pouco mais suportável? Será que está vivendo ou apenas sobrevivendo? Sendo assim, é difícil julgar Martin e seus amigos por irem adiante com o experimento das bebidas alcóolicas.

It’s too late but tomorrow has to wait
It’s the time of your life so tomorrow has to wait
Tonight’s the night and tomorrow is a million miles away

Veja, talvez tenhamos ido longe demais. Mas agora é a hora. O experimento atingiu seu ápice, esse é o famoso “insight” que acontece durante as sessões de terapia. E aqui não importa se foi o álcool ou qualquer outra substância que tenha levado até a conclusão. É o aqui e agora. Tudo o mais pode esperar. Martin sabe bem disso. Sua família está preocupada, ou até mais do que isso. Mas ele já chegou até ali, não é hora de parar. A catarse, enfim. E através da direção de Thomas Vinterberg podemos visualizar umas das mais belas catarses do cinema. A cena em que Martin dança, “voa” pelo banco, é uma das mais belas até então filmadas. E sim, ele está sob a influência do álcool, esse herói-vilão, que o acompanhou em toda a trajetória até aqui. De modo que fica o questionamento: o que ingerimos? Por que? Quanto? Até onde? Para que? E muitas outras mais. E quem é que vai culpá-lo?

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The saddest girl to ever hold a Martini.

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